Feminino: Jogadoras citam mudanças na estrutura do clube
O Vasco briga pelo acesso à Série A2 do Campeonato Brasileiro e está a dois jogos de conseguir o objetivo. Depois de dois anos ruins, o time começou 2024 com mudanças fora e dentro de campo que ajudam a explicar a evolução da categoria no clube.
Hoje, o time treina no CT do Vasco em Duque de Caxias e todas as jogadoras têm carteira assinada e contrato profissional.
As Meninas da Colina estão nas quartas de final da Série A3. Aguardam o vencedor de Brasil de Farroupilha x Coritiba, que se enfrentam em 8 e 15 de junho, para conhecer o próximo adversário. Se avançar à semifinal, o Vasco garante vaga na Segunda Divisão do Brasileirão.
Nesta quarta-feira, o clube realizou a primeira entrevista coletiva com as jogadoras. Índia, Lidy Nascimento e Mavi conversaram com os jornalistas em São Januário. As duas primeiras estão no Vasco há mais tempo e acompanharam as mudanças na modalidade.
- Como estou há um período maior, passo para as meninas mais novas o que já vivi e tento incentivá-las. Foi duro o rebaixamento, mostrar para elas que agora está melhor deixa elas mais seguras. A gente está com carteira assinada, antes a gente jogava por amor. Era por amor, infelizmente eu tenho que falar. O profissionalismo é importante - disse Índia.
Índia chegou a São Januário em 2020 e criou forte identificação com o clube. Passou pelo momento ruim do clube nos últimos anos e é uma das lideranças de um elenco cheio de caras novas. No ano passado, ela ficou marcada por rasgar uma pipa personalizada do Flamengo que caiu no gramado durante jogo contra o Serra Macaense (veja abaixo).
No clube desde 2022, Lidy Nascimento é capitã e jogadora coringa da técnica Verônica Coutinho. Volante de origem, ela tem atuado como zagueira e já jogou em outras posições.
Maria Vitória, de 25 anos, chegou ao Vasco nesta temporada e caiu nas graças da torcida. A Princesinha da Colina é a artilheira do time e tem Vegetti como referência. Ela, inclusive já fez a comemoração do Pirata e se encontrou com o atacante argentino em São Januário.
LEIA AS ENTREVISTAS:
O Vasco caiu em 2022 e não conseguiu subir em 2023. Esta temporada está sendo diferente, com o time desempenhando bem e os resultados aparecendo. O que mudou?
Índia: a gente vem numa crescente. Já vivi várias fases e essa está sendo uma das melhores em relação a tudo. A mudança foi dar mais instrumentos de trabalho pra nós. De valorizar todas que permaneceram e as que chegaram. Todo mundo de carteira assinada, o profissionalismo. É o ponto-chave de todo esse sucesso, fora o trabalho também.
Lidy Nascimento: estou aqui desde 2022, estava presente quando o Vasco caiu, infelizmente. Participei de todos os jogos. Sofri uma lesão no joelho no mesmo ano, voltei no fim de 2023, voltei bem, com foco e com um único objetivo: conseguir o acesso e sair daqui no mínimo deixando o Vasco no mesmo lugar que estava quando cheguei. Ver o crescimento da modalidade este ano é de uma felicidade imensa, porque as meninas de antes sofreram bastante, eu peguei uma fase difícil e nada mais justo retribuir dentro de campo.
(Mudou) nosso ambiente interno, principalmente. Com elenco, comissão, a parte que ninguém vê. Isso foi fundamental para que dentro de campo aconteçam bons jogos e bons resultados. A nossa harmonia e a nossa união.
Índia, como você vê a visibilidade e integração com o futebol masculino? (a atleta participou do lançamento do novo patrocinador máster do Vasco).
- Foi muito bom, os caras são resenha, fomos resenha com eles. Importantíssimo a gente estar juntos com o time masculino para o futebol feminino aparecer, dizer que a gente existe. Tudo é resultado, querendo ou não com bons resultados a gente aparece mais.
Vocês têm criado uma relação de identificação com o clube. Índia e Lidy são lideranças, Mavi se encaixou muito bem no time...
Índia: estamos trabalhando forte, é uma pela outra. O tempo todo a gente conversa para tentar não desmotivar, a gente tem que manter o foco, ficar unidas. Jogar pelo Vasco é realizar sonhos não só meus, mas da minha família e de outras meninas também. Se a gente subir vai abrir muitas portas.
Lidy: a faixa para mim é só um acessório. Tem que definir uma capitã, mas todo mundo tem sua liderança dentro do grupo. Não é porque eu uso a faixa que não vou ouvir uma menina que tem 18 anos. Ela tem o que aprender comigo e eu tenho muito o que aprender com ela, e assim vamos evoluindo como um todo.
Mavi: acima de tudo a humildade é muito importante, a importância também que o time me dá é muito legal. O apoio dos meus familiares, o entrosamento do grupo nos deixa tranquilas para fazer bons jogos. Estou muito feliz, agradeço a Verônica pela oportunidade que me deu. A responsabilidade é importante, saber que estamos jogando em um time grande, tem que ter isso em mente para dar o melhor nos treinos e nos jogos. Espero ajudar bastante o Vasco.
Lidy, você é uma coringa dentro de campo. Como consegue se manter tão equilibrada? E o que dizer da evolução física do time?
- É mais sobre o que você entende do jogo, se você estuda o jogo como um todo consegue desenvolver bem em qualquer posição que o treinador decida te colocar. Sou volante de origem, mas busco fazer o meu melhor e estou apta para atuar em qualquer posição disponível.
A gente vem trabalhando tanto o físico quanto a alimentação também. O nosso trabalho com a Cássia (Cássia Gouvêa, preparadora física contratada em 2024) vem sendo muito evolutivo. A gente observa a cada jogo o nosso crescimento em termos físicos e isso nos ajuda nos treinos e nas partidas.
Mavi, são oito gols em quatro jogos do Brasileirão. O torcedor pode esperar mais? Você tem uma meta?
- Eu acho que ainda está pouco (risos), sei que posso dar mais e estou trabalhando para isso. A minha meta é ultrapassar a artilheira do ano passado.
No ano passado, a artilheira da Série A3 foi Bia Batista, do Mixto, com 10 gols. Mavi tem pelo menos mais dois jogos para ultrapassar esta marca. O Vasco tem feito amistosos enquanto aguarda a próxima fase e vive a expectativa de começar a jogar as quartas de final no fim deste mês.
Fonte: ge
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