Crônica de Juventude 2 x 0 Vasco

Após a goleada de 6 a 0 sobre o Santos, a torcida cruz-maltina tinha um vislumbre de esperança, um sopro de que talvez, apenas talvez, a maré estivesse virando. A vitória seria a consolidação de uma tese de que o time, mesmo em meio à crise, tinha encontrado um caminho. Mas o Vasco, como o Vasco de 2025 tem feito de melhor, jogou tudo isso no lixo em menos de 15 minutos.

A partida em si foi a mais pura representação do caos. Em menos de um minuto, uma mão na bola desnecessária de Lucas Piton – o mesmo que brilhou na última partida – resultou em pênalti. Nenê, o veterano com passagem marcante pelo clube, converteu e marcou contra seu ex-time. Um tapa na cara da história.

Não demorou para que Gabriel Taliari ampliasse, escancarando a fragilidade defensiva do time de Fernando Diniz. O Vasco, que precisava de pontos para se afastar do Z-4, que parecia ter descoberto como vencer, se desmanchou.

E no ataque, o silêncio de sempre. Vegetti, que já foi sinônimo de esperança, vive hoje uma seca incômoda. Não é apenas a falta de gols — é a previsibilidade que se instaurou em torno dele. O time joga para lançar a bola em sua direção, mas os adversários já decoraram o roteiro: cercam, sufocam, e o argentino se perde em meio a zagueiros. Sua capacidade está domada, engessada por um estilo que o isola e quebra o coletivo. O Vasco deixa de ser um time plural para ser um time de uma jogada só — cruzamentos e mais cruzamentos, todos anulados.

O resultado é um ataque que não respira, que não surpreende. A bola some, o jogo trava, e a pressão aumenta. Vegetti ainda é ídolo, ainda é querido, mas sua seca pesa como chumbo no bolso de uma equipe que não pode se dar ao luxo de ser previsível. Em vez de ser a solução, virou sintoma de um Vasco que insiste em se limitar.

No fim, o que a goleada sobre o Santos parecia prometer, evaporou em minutos. O torcedor, que sonhou com uma arrancada, acordou para o mesmo pesadelo: um time vulnerável atrás, previsível na frente e sem fôlego no meio. Um time que, quando parece ter achado a resposta, trata de se desmentir logo em seguida.