Como foi a goleada do Criciúma sobre o Vasco neste sábado

São Januário lotado, sábado de sol e a volta do principal jogador. Parecia um dia propício para o Vasco chegar a segunda vitória no Brasileirão 2024 e a cobiçada subida na tabela. Faltou ter time para isso. O Criciúma cumpriu uma grande atuação e se mostrou muito mais capacitado coletivamente. Os 4x0 não são obra do acaso. Foi a primeira goleada da história do confronto.

A 1ª etapa até foi equilibrada, mas o 2º tempo se revelou uma tragédia para a equipe carioca. Seguiu com os mesmos problemas defensivos, a incapacidade para atacar de forma equilibrada, e desabou mentalmente ao levar o segundo gol com apenas dois minutos. Grande atuação do meia Felipe Mateus. Balançou as redes duas vezes e fez o desarme que iniciou a jogada do terceiro tento.

Escalações

Ramon Diaz contou com o festejado retorno de Payet, e desta vez escalou o francês como meia-central do 4-2-3-1 que montou. Hugo Moura ganhou a titularidade e fez dupla de volantes com Sforza. Galdamés e Mateus Carvalho foram para o banco. Medel também voltou a zaga, e Rayan ganhou oportunidade na ponta-direita. Rossi iniciou entre os reservas.

Claudio Tencati teve mais de uma semana para montar a equipe, já que o Criciúma tem um jogo atrasado da 3ª rodada. Arthur Caíke foi titular. Trauco deixou o time e Marcelo Hermes acabou recuado para a lateral-esquerda, sua posição de origem. Wilker Ángel entrou na zaga e Walisson Maia foi para o banco. Gustavo reassumiu a titularidade na meta. Armou-se em um 4-4-2.

O jogo

A precisão nas finalizações foi um dos pontos que decidiram o placar favorável ao Criciúma ao término do 1º tempo. Mesmo com diversos problemas de ordem coletiva para atacar e defender, o Vasco teve chances de marcar, mas viu suas principais referências técnicas falharem em lances capitais na hora de arrematar.

Payet perdeu grande chance na pequena área, em contragolpe bem montado por Rayan e David, mas o pior veio depois. Vegetti foi parado pelo goleiro Gustavo em cobrança de pênalti - mais uma batida defendida pelo arqueiro do Criciúma em 2024.

É verdade também que o Tigre chegou perto de ampliar em uma sequência de lances nos acréscimos da 1ª etapa, o que gerou muitos protestos da arquibancada. A insatisfação tem total justificativa. Depois de uma semana de treinamentos, o Cruzmaltino apresentou vários pontos de desorganização a serem abordados.

O primeiro deles esteve na disposição das peças para atacar. Payet saía do meio para o lado esquerdo, setor em que se sente mais confortável, mas não flutuava para a direita. Isso gerava isolamento a Rayan e inferioridade numérica nesta faixa em todas as vezes que era necessário avançar por ali. As jogadas pelo lado esquerdo, com Piton e aproximações de David, fluíam, mas a bola não entrava.

Sforza e Hugo Moura não têm exatamente a característica de se lançaram em regiões mais adiantadas do gramado, como poderiam fazer pela direita, e o problema esteve exposto. Sem a bola, o Gigante da Colina foi muito passivo na abordagem de marcação. Seja nas tentativas de subida de bloco ou quando era necessário defender mais perto da própria área.

Faltou também compactação ao atacar, isso geraria problemas para recuperar a bola rapidamente ao perder a posse e para reocupar os espaços da forma devida. O Criciúma se aproveitou disso no lance do gol de Fellipe Mateus. Wilker Ángel rebateu um lateral cobrado por Lucas Piton e Bolasie ganhou a primeira bola pelo alto. Na sequência, um buraco entre defesa e meio permitiu a finalização do Tigre.

O time de Santa Catarina encontrou problemas para encaixar a marcação no lado direito de sua defesa em alguns momentos. Marquinhos Gabriel tinha problemas para seguir Lucas Piton, e a situação melhorou quando passou a ser auxiliado por Arthur Caíke e por Barreto de maneira mais regular.

Com a posse, alternou passes longos para aproveitar as brechas deixadas entre meio e defesa do Vasco, após escoradas de Bolasie, e circulação de pé em pé, tirando a velocidade do jogo e irritando ainda mais o torcedor em São Januário. Rodrigo e Wilker Ángel mostraram segurança protegendo a área. Meritão ganhou duelos importantes no meio-campo. Caíke e Bolasie se mexeram bastante.

Ramón Diaz sacou Payet e Medel no intervalo, jogadores que treinaram menos que os demais nesta semana. Galdamés entrou para compor uma trinca de meio com Hugo Moura e Sforza. Maicon compôs a zaga. A mudança de atitude e organização defensiva não veio depois do intervalo, e bastaram dois minutos para o Criciúma ampliar.

Móvel e coordenado, o Tigre trocou passes com liberdade. Se mexeu com desenvoltura e construiu mais um belo gol de Felipe Mateus desta forma. Bolasie deu a assistência. O franco-congolês manteve a inteligência para se movimentar na 2ª etapa, e foi acionado para marcar o terceiro em linda jogada. Léo errou e foi desarmado na origem do lance. Hugo Moura não conseguiu detê-lo.

Ramon Diaz ainda tentou achar alguma solução com as entradas de Clayton, Adson e Mateus Carvalho. Passou a usar uma dupla de centroavantes na área para ter mais imposição em bolas aéreas, mas não conseguiu ver sua equipe gerar um volume realmente considerável de chances. Expôs ainda mais uma defesa em pânico com Maicon e Léo apupados pela arquibancada.

O Criciúma seguiu organizado defensivamente. Chegou ao quarto em cobrança de escanteio. Higor Meritão coroou a grande atuação que teve ao completar um desvio de Walisson Maia. Felipe Vizeu e Éder pararam em duas boas defesas de Léo Jardim. Mesmo assim, o Criciúma conseguiu a sua maior vitória na história da Série A do Brasileirão como visitante. Um dia inesquecível para o Carvoeiro!