A trajetória de Léo Jardim até a Seleção Brasileira

Foram 23 anos de intervalo entre o início dos primeiros passos do goleiro Léo Jardim, de 28 anos, no futebol em Ribeirão Preto (SP) e a primeira convocação para a Seleção Brasileira principal. O pequeno jogador que começou a chamar a atenção ao seis anos de idade recebeu, na última segunda-feira, a notícia que é tão esperada por tantos atletas profissionais de futebol. Com a lesão de Ederson, do Manchester City, o técnico Dorival Júnior o convocou para os amistosos contra Inglaterra e Espanha.

O chamado aconteceu cinco dias após o nascimento da segunda filha do goleiro, Alice, que chegou na no mesmo dia em que o goleiro ajudou o Vasco a garantir classificação para terceira fase da Copa do Brasil, e nove dias antes do aniversário de 29 anos dele.

- Ele passou a noite no hospital esperando o nascimento da filha. Ele estava concentrado, foi para o hospital, depois voltou no almoço. Eu estava com ele no Rio e levei de volta para a concentração, porque era um jogo importante e ele foi bem, pegou pênalti, classificaram. No dia do nascimento da filha foi uma marca muito boa para ele, que ele vai levar para sempre. Em cinco dias ele deu a volta no mundo. Foi tudo muito rápido e muito forte. Depois teve um jogo difícil na semifinal do Carioca, que ele foi bem. Foi uma semana bem positiva. Não terminou ainda. Estamos nessa emoção dessa convocação – disse o pai dele, Artur Jardim.

Início em Ribeirão Preto

O pai de Léo revelou que sempre foi desejo do filho jogar como goleiro, apesar de ter disputado jogos na linha no início da carreira. Os primeiros toques na bola aconteceram em uma quadra na Avenida Meira Júnior, em Ribeirão Preto.

- Ele começou com seis anos, como recreação, e nesse período ele jogava na linha. Depois ele foi para o gol e não saiu mais. Aí colocamos ele no Botafogo-SP, porque ele começou a levar mais a sério, mesmo novo, só que ele tinha que passar por um aprendizado. Levamos ele para o Botafogo por conta do treinador de goleiros, o Leandro Franco – contou Artur.

Do Tricolor de Ribeirão Preto, Léo foi chamado para fazer um teste no Olé Brasil, clube da cidade focado na revelação de novas promessas para o esporte sob a direção dos irmãos Fabrício e Eduardo Zanello, ex-ponta-esquerda do Atlético-MG nos anos 1990.

- O teste no Olé era para uma viagem que eles tinham para a Coreia do Sul. Eles estavam captando alguns meninos e ele acabou passando. Aí ele teve que optar em ficar no Botafogo ou ir para o Olé, não podia ir para os dois. Ele optou em ir para o Olé porque o treinador de goleiros, o Leandro Franco, era da escola do Botafogo e acabou indo para o Olé nesse período.

Grêmio, Portugal e França

Com destaque no Olé Brasil, Léo Jardim começou a despertar interesses de grandes clubes do futebol nacional, tanto é que, em 2012, foi para a base do Grêmio.

Começou no sub-17 e, depois, subiu para o sub-20, onde disputou a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2014. Apesar da eliminação precoce na primeira fase, Léo Jardim subiu para o profissional. Nessa época, ele já tinha passagens, também, pelo sub-20 da Seleção Brasileira, após convocação de Alexandre Gallo.

- Quando ele voltou para Porto Alegre, ele foi chamado para fazer parte do profissional, fazer parte do grupo lá em Caxias, em que eles estavam fazendo pré-temporada. Era um time bem montado, começou a treinar e não desceu mais. Fez parte também do sub-23, que era um time alternativo, depois ele estava como reserva do Marcelo Grohe, com o Bruno Grassi. O Léo estava como terceiro goleiro – recordou o pai.

A estreia no profissional do Tricolor Gaúcho aconteceu em um jogo da Copa do Brasil em outubro de 2016, contra o Palmeiras.

- Ele entrou e foi bem, o que acabou dando um pouco mais de visibilidade para ele. Depois disso foi campeão com o Grêmio na Libertadores e na Copa do Brasil. Estava com o grupo. Nesse meio tempo, o Renato Gaúcho era o técnico e chegou o Paulo Victor, e ele esperava se firmar mesmo no profissional, mas veio interesse do Rio Ave de Portugal, e o Grêmio achou bom emprestar – contou Artur.

Apesar de ter chegado ao Rio Ave como reserva, Léo Jardim assumiu a titularidade por conta da lesão do outro goleiro. Ele se destacou como melhor em campo em diversas oportunidades e chegou a receber uma premiação do clube ao término da temporada 2018/19.

No ano seguinte, Léo foi vendido ao Lille, da França, mas a passagem foi rápida ele voltou para Portugal, desta vez para defender o Boavista por empréstimo, mas logo retornou ao clube francês.

- Ele fez uma boa campanha também e ele foi destaque, jogou o ano todo, ajudou o Boavista em jogos importantes, defesas de pênalti, e foi devolvido ao Lille. Ele chegou disputando o torneio entre o campeão da Copa da França com o campeão francês. Eles ganharam de 1 a 0 do PSG e ele começou a firmar lá. Teve um período que foi para o banco e surgiu o interesse do Vasco para ele voltar ao Brasil. Estava querendo vir mesmo, tinha especulações, e ele achou por bem vir.

Destaque no Vasco e convocação

Léo Jardim foi anunciado no Vasco em janeiro de 2023, com contrato até dezembro de 2025. No Carioca daquele ano, o Gigante da Colina chegou até a semifinal e foi eliminado pelo Flamengo. Na Copa do Brasil, o clube caiu na segunda fase, mas o goleiro não foi vazado, já que a eliminação foi nos pênaltis para o ABC após 0 a 0 no tempo normal.

No Brasileirão, foi um dos responsáveis por manter o time na primeira divisão nacional. Até aqui, são 59 jogos com a camisa alvinegra.

- A gente acompanha essa fase toda dele, desde o começo, e a gente nunca programou de ele ser profissional. Nunca foi uma exigência da gente. Sempre ficou muito à vontade para, quando não quisesse mais jogar futebol, ele podia desistir, fazer o que ele quisesse. A gente sempre levou muito de boa. A responsabilidade maior de tudo o que está acontecendo é totalmente dele. Ele sempre foi muito focado, gostava muito de treinar, sempre gostou, abandonou tudo e foi embora – comentou o pai.

- Dessas últimas atuações para cá a gente viu que ele teve uma evolução muito grande, a responsabilidade que ele teve de manter o Vasco na primeira divisão, um time grande, de muito peso. A gente sofreu muito no ano passado para ele manter tudo isso, então a gente vai ficando mais acostumado esperando que alguma coisa boa aconteça. É uma alegria que não tenho nem como mensurar o tamanho dela. O Léo sempre me acompanhou para futebol, assistindo jogo, quadra de esportes, e tem muita gente torcendo a favor, muita gente falando que logo ele vai pegar Seleção. A gente vai se acostumando com a ideia, porque é o ápice, o sonho de todo jogador. A gente tinha uma expectativa grande, mas com os pés no chão, sabendo que tudo o que está acontecendo com ele é muito grande, é para poucos profissionais. É uma contemplação de tudo que ele tem feito. Deixa a gente muito contente – afirmou Artur.

Para o pai, Léo Jardim é motivo de orgulho não só pelas conquistas em campo, mas também pelas atitudes no dia a dia, sempre disciplinado e muito querido pelas pessoas próximas.

- Agora começa uma nova etapa. A convocação é muito importante, mas agora começa uma nova etapa até mais difícil, porque tem que se fazer valer para agarrar essa oportunidade – concluiu o pai.

Fonte: ge

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