Futebol

Álvaro Pacheco relembra saída do Vasco: 'Desilusão'

Álvaro Pacheco admitiu sentir “desilusão” por não ter conseguido vingar no Brasil, ao serviço do Vasco da Gama, e culpa um conflito e a falta de tempo para poder trabalhar e destacar-se.

Como explica o pouco sucesso no Vasco da Gama? Com que sonhos foi que não conseguiu realizar? 
-A palavra que me salta à cabeça é desilusão, porque foi um projeto em que ia com uma ilusão muito grande, que também me foi vendida. O Vasco é um clube gigantesco, com uma massa associativa diferenciada. Justificaram o porquê de ser o escolhido por eles e o que pretendiam da minha contratação, que era, no fundo, chegar ao Vasco e sermos capazes de criar uma equipa com uma identidade, cultura e filosofia. 

Mas para isso precisava de tempo... 

-Isso foi-me prometido. Estávamos a negociar mas, paralelamente, estava a acontecer uma guerra judicial entre a 777 Partners, que era quem me estava a contratar, e com o Pedrinho, que era o presidente do clube. No dia anterior a viajar para o Brasil, telefonei ao responsável que estava a tratar da minha contratação e perguntei-lhe se fazia sentido ir quando havia esta guerra e havia a possibilidade de a 777 ser afastada da liderança do Vasco. Garantiu-me que essa guerra ia ser ganha pela 777 e tinha de estar tranquilo e fazer a viagem. Faço a viagem. Passados três dias, sai a decisão na justiça brasileira em que a 777 é afastado e o Pedrinho ia tomar conta do clube. A partir do momento em que isto aconteceu, era uma questão de tempo até o meu afastamento, porque toda a gente que tinha sido contratada pela 777 foi afastada. Fiquei desiludido, ia com uma ilusão muito grande. Era um desafio à minha medida. Ia ser uma equipa construída do zero.

E o plantel que encontrou? 

-Era um plantel que precisava de alguns ajustes e isso também tinha sido conversado. Mas senti que o grupo estava dividido por muitos problemas. A minha missão nos primeiros tempos foi criar o grupo e passar a importância de estarmos unidos num desporto coletivo. E havia muito potencial.

Está arrependido?

-Não, pois fui com a ilusão de uma coisa que me prometeram e idealizava. Quando se vai par um projeto, é importante sentir que nos querem muito e vão apoiar as nossa ideias. Sentia que era o caso com o grupo 777. Se fosse hoje, aceitava novamente, porque a ilusão que tinha e a proteção que achava que ia ter davam-me garantias de sucesso.

O que fez, depois, aceitar o projeto na Arábia Saudita? Foi a vertente financeira, desportiva ou outra?
-Foi por tudo. Por ir para o futebol árabe, em que os melhores jogadores estão a ir para lá e desperta uma curiosidade muito grande. Também é um país em que a parte financeira tem um papel muito relevante e não posso negar isso. E depois também foi um projeto que me aliciou.

Porquê?

-Quando me sentei com os responsáveis do Al-Orobah, informaram-me que era um clube que tinha estado só uma vez na primeira divisão, há 21 anos, e que tinha regressado. Queriam alguém que os ajudasse a estruturar, crescer e a criar algo novo. A minha experiência no Vizela poderia ajudar e criar bases sólidas que sustentasse o Al-Orobah e o fizesse ficar alguns anos na primeira divisão. O projeto aliciou-me nesse sentido, por isso também o aceitei de bom agrado.

O que falhou?

-Quando decidi sair de lá, as pessoas do clube não queriam que saísse. Foi mesmo pela falta de condições gerais. Quando estamos num projeto, há certas condições que são as mínimas para as nossas condições de trabalho e não estavam a ser condizentes com o que pretendíamos. Além dos salários em atraso. Foi o desafio mais difícil que tive mas deixou-me bem preparado.
 

Foto: Leandro Amorim/VascoÁlvaro Pacheco
Álvaro Pacheco

Fonte: Ojogo.pt