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Allan dribla as dificuldades extracampo para conquistar seu espaço

Carro do ano, roupas de grife ou moradia numa área nobre do Rio de Janeiro ainda não fazem parte da realidade de Allan, de 18 anos.

Promovido dos juniores do Vasco há pouco mais de um mês, o volante teve uma ascensão meteórica. Estreou como profissional contra o Atlético-GO, há nove dias, foi titular na sequência contra o Paraná, há três dias, e deverá enfrentar o São Caetano amanhã.

O surgimento de Allan foi rápido, mas seu caminho foi e tem sido árduo. Ainda é de ônibus que a promessa deixa sua casa em Ramos, Zona Norte do Rio, rumo a São Januário. Depois de 20 minutos de trajeto, Allan desce na Avenida Brasil, na altura de São Cristóvão, e perde mais alguns minutos na caminhada até a sede do clube. Quando o treino é no Vasco-Barra, Zona Oeste do Rio, Allan acorda mais cedo e segue para a Colina. De lá, ele parte no ônibus do clube para encarar mais um dia de trabalho.

– Não foi fácil chegar até aqui, mas valeu a pena. Vou de ônibus todos os dias para São Januário. Na volta, Paulinho (volante do Vasco) costuma me deixar em frente a Friocruz, em Manguinhos. De lá, pego um ônibus para casa – disse.

Filho de pais divorciados, Allan tem assumido o papel de homem da casa. É com seu salário ainda curto que ele ajuda a mãe, Rosana, e os seis irmãos (Rogério, Laiane, Matheus, Luana, Kayke e Helen).

Quando receber um significativo ajuste salarial, Allan não dúvida do que fará com o dinheiro: – Comprar uma casa para minha mãe. Quero melhorar a condição da minha família. Sou o filho mais velho e tenho uma responsabilidade importante.

Allan tem consciência de que é seu trabalho que poderá permitir uma melhor situação para ele e a própria família. Portanto, ele garante que não desperdiçará as oportunidades dadas pelo técnico Dorival Júnior.

– O momento é bom para mim.

Batalhei muito à espera dessa chance e vou agarrá-la – promete.

Confira bate-bola com Allan:

O que o torcedor do Vasco pode esperar de você?
Minha característica é a arrancada. Tenho aprimorado o passe para que tudo funcione como contra o Paraná, quando toquei a bola para Ramon sofrer o pênalti. Na finalização, tenho de melhorar.

E tem algum jogador que sirva como referência para você?
Quem mais admiro na minha posição é o Hernanes. Ele é um falso volante com características ofensivas. Tem boa chegada e facilidade para finalizar e também servir os companheiros. Gosto muito da maneira dele de jogar.

Como você foi na base?
Quando as pessoas me aconselhavam, eu ficava chateado e achava que se travava de bronca. Hoje, procuro escutar os mais experientes para melhorar cada vez mais meu comportamento. Tinha dificuldade para aceitar conselhos.

E como é a sua vida?
Eu moro em Ramos. A vida tem sido difícil, pego ônibus cheios até hoje. Eu desço em São Cristóvão e caminho até São Januário. É difícil, mas as coisas estão melhorando. Tenho contrato até 2013.

Qual o seu sonho?
Não penso em comprar carro ou outras coisas agora. Quero comprar uma casa para a minha mãe. A responsabilidade que tenho é grande. Eu ajudo como posso, meus pais são divorciados. Minha mãe sempre esteve do meu lado e eu desejo retribuir.

Curiosidades

Início Em 2004, Allan, então com 13 anos, ingressou na equipe de futsal do Olaria. No mesmo ano foi para o Madureira.

Posição de origem Allan iniciou a carreira como apoiador. Ele chegou à Colina em 2008, mas em pouco tempo, Rodney Gonçalves, extécnico da equipe juvenil, o efetivou como segundo volante.

Artilheiro Mesmo atuando como volante, Allan foi o artilheiro da equipe de juniores do Vasco no Carioca de 2009, com 11 gols.

Parceria Allan tem contrato com o Madureira até 2014, mas foi emprestado ao Vasco até maio de 2012.

Philippe Coutinho é o conselheiro
Revelado pelo Madureira, que o emprestou para o Vasco até maio de 2012, Allan iniciou a carreira como apoiador. Veloz e dono de um bom passe, ele despertou o interesse do Vasco. Ele chegou a São Januário no início de 2008 para reforçar a equipe juvenil e lá conheceu outra promessa: Philippe Coutinho, seu amigo e “conselheiro”.

– Conheço Philippe desde o ano passado. Como foi promovido no início de 2009, ele tem me dado algumas dicas importantes e facilitado a minha adaptação – disse Allan.

O fato de jogar ao lado de Philippe Coutinho na categoria juvenil permitiu a Allan aprender a jogar numa função diferente. Rodney Gonçalves, ex-técnico da equipe, o recuou, passando a escalá-lo como volante. Apesar da mudança de posicionamento, Allan não perdeu a ofensividade e deslanchou. Este ano, o volante foi o artilheiro da equipe de juniores do Vasco no Campeonato Carioca.

– Marquei 11 gols no Carioca de Juniores. Joguei como terceiro homem de meio-de-campo, mas consegui me destacar. Com Dorival Júnior, tive essa liberdade nas duas partidas que joguei e acho que fui bem – disse Allan.

Fonte: Lance