Alexandre Campello cresce para tentar a reeleição
Alexandre Campello puxou provavelmente o grito de "Casaca" mais alto de seus dois anos e meio de gestão na noite de sexta-feira, ao encerrar a live de aniversário de 122 anos do Vasco. Tão alto que seus adversários políticos não conseguiram tapar os ouvidos. O presidente do clube está no jogo para tentar mais três anos de mandato. E não é o azarão que tentaram convencê-lo que seria.
O anúncio da assinatura do memorando de entendimento com a WTorre para a modernização de São Januário foi mais um passo de Campello em uma de suas bandeiras administrativas: a de melhorar a infraestrutura do clube. O centro de treinamento em Jacarepaguá e a retomada do CT de Duque de Caxias, praticamente abandonado há mais de uma decada, são outros exemplos.
O impacto nas redes sociais do avanço rumo à reestruturação da Colina foi enorme. Não que tenha sido a primeira vez que o clube tenha chegado a esse estágio na longa jornada que é reformar um estádio. Em 2008, Eurico Miranda chegou a termos semelhantes com a Lusoarenas, empresa portuguesa que flertou com o Cruz-maltino. Um protocolo de intenções foi elaborado. Não passou disso.
Na prática, falta um trabalho árduo para o projeto atual sair do papel, o de captação de recursos em um cenário de crise econômica internacional. Pelo menos o clube não está mais sozinho nisso. Passou a ser uma meta também da WTorre viabilizar a financeiramente a reforma.
Rejeição é trunfo adversário
O avanço de Campello rumo à tentativa de se reeleger mexe com as estratégias adversárias. Quanto mais o presidente sinaliza que pode conseguir por em prática a modernização de São Januário, mais esvazia o discurso de concorrentes, que oferecem a obra como um diferencial.
A perspectiva é de crescimento da campanha do presidente, especialmente se os bons resultados do futebol se prolongarem. Quem antes classificava Alexandre Campello como teimoso por tentar se candidatar, já reconhecee o potencial da candidatura com os gols de Cano a cada rodada.
O maior desafio para Campello agora é tentar se afastar da lembrança da eleição de 2018, quando venceu o pleito dentro do Conselho Deliberativo ao romper com Julio Brant, tendo o apoio de Eurico Miranda. A aversão ao ex-presidente, falecido em 2019, ainda é grande por parte de alguns sócios e seus adversários farão de tudo para não deixar o associado se esquecer do ocorrido. Aposta-se na rejeição ao Campello para brecar seu crescimento.
A gestão sabe muito bem disso. Nas redes sociais, Carlos Leão, vice-presidente de finanças do clube, postou neste sábado trecho de frase creditada a Renato Russo, com a hashtag #FicaCampello.
"Quando tudo nos parece dar errado / Acontecem coisas boas / Que não teriam acontecido / Se tudo tivesse dado certo".
Formação da chapa
Com a candidatura ganhando corpo, Alexandre Campello terá de ir ao quadro social atrás de nomes para compor sua chapa. Os grupos mais numerosos e coesos já possuem seus candidatos e se posicionam como oposição ao presidente, o que não lhe resta outra opção que não se cercar de uma colcha de retalhos política.
Mas isso não será problema e ainda por cima Campello tem cargos valiosíssimos para oferecer, algo que é capaz de seduzir integrantes menos convictos que hoje fazem parte do grande bloco de oposição. Afinal, de aliado em cargo elegível, Campello tem apenas Sônia Andrade, 2ª vice-presidente. O restante estará vago na formação de uma chapa para tentar a reeleição, o que inclui a 1ª vice-presidência, a presidência do Conselho Deliberativo, a presidência do Conselho Fiscal, a presidência da Assembleia Geral, atualmente todos ocupados por oposicionistas.
Com tanto a oferecer, Campello vai atrás principalmente dos indecisos. Grupos políticos têm feito uma série de pesquisas junto ao quadro social para terem uma ideia de como anda as intenções de voto. Estima-se, baseados nessas pesquisas, cerca de 20% do eleitorado vascaíno ainda sem saber em quem votar. Talvez sejam justamente os mais suscetíveis aos resultados apresentados pelo presidente, especialmente dentro de campo. A cada gol de Cano, a cada rodada nas primeiras colocações do Brasileiro, Campello fica mais próximo do coração de quem não tem um grupo político firme.
Fonte: O Globo Online