Futebol

Alex Evangelista fala sobre trabalho no Japão, Campello e Marcelo Mattos

Com passagens por Botafogo e Vasco, o fisioterapeuta Alex Evangelista hoje se encontra no Japão. O profissional é o gerente científico do Urawa Red Diamonds. Antes de chegar na Ásia, Alex trabalhou no Estoril de Portugal, clube que ele segue com vínculo, atuando como consultor. Em entrevista exclusiva ao Esporte 24 Horas, Alex Evangelista conta como está sendo o trabalho por lá e a aceitação dos japoneses com os métodos de trabalho.

“Aqui no Japão você precisa estar embasado teoricamente e mostrar na prática os resultados, caso contrário, eles literalmente te ignoram. Culturalmente são muito exigentes. Acredito que o fato de ter trabalhado antes no Kashima Antles facilitou meu entrosamento com os japoneses. Foi muito rápida a aceitação dos protocolos e ajustes na gestão fisiológica, e com isso estamos colhendo bons frutos”.

Alex Evangelista foi para o Urawa Red a convite do técnico Oswaldo de Oliveira, com quem trabalhou no Botafogo em 2013. O gerente afirmou que o trabalho desenvolvido vem sendo bem satisfatório.

“Quando o Oswaldo de Oliveira assumiu o comando técnico da equipe e me convidou, o Urawa ocupava a 15ª colocação e brigava contra o rebaixamento. Hoje já estamos na metade de cima da tabela com um número baixíssimo de lesões musculares. Aliás, ficamos 60 dias sem nenhum caso. Estou muito satisfeito com os resultados que estamos tendo até aqui”.


Alex Evangelista ao lado de jogadores do Urawa Red Diamond. (Foto: Arquivo pessoal)

O sucesso do trabalho não está somente ligado aos métodos desenvolvidos na prevenção ou no tratamento de lesões. Alex Evangelista revelou que a disciplina e o profissionalismo do atleta japonês, fazem toda a diferença.

“Os atletas japoneses são envolvidos visceralmente com o trabalho. Duas horas antes dos treinos eles já estão no clube para se prepararem pras atividades. Se alimentam rigorosamente bem, sem necessidade de que façamos muito controle. Culturalmente eles estão acostumados a uma alimentação mais saudável, o que facilita bastante o trabalho. Quando damos alguma orientação eles seguem ao pé da letra. Principalmente em relação aos protocolos de prevenção. E não posso deixar de citar também a qualidade da estrutura do clube, pois o Japão é o berço da tecnologia”.

Alex Evangelista afirmou que o calendário japonês é tão apertado quanto ao do futebol brasileiro. Entretanto, o comprometimento e o profissionalismo são maiores, diminuindo os riscos por conta da maratona de jogos.

“Tem que haver dedicação para colher frutos nessa atividade. Sono, alimentação, suplementação e hidratação, que leva a reduzir ou eliminar o consumo de álcool. Podemos usar o caso japonês para fazer um paralelo. O calendário aqui também é bastante apertado, como varias competições simultâneas. Mas são bem mais disciplinados que os nossos atletas. Reitero o que falo há anos. A ciência precisa prevalecer no futebol, mas não podemos encarar o clube como uma clínica comum. Futebol precisa da ciência, mas também de muito suor e comprometimento”.

Processo contra Alexandre Campello

O último clube no qual Alex Evangelista trabalhou aqui no Brasil foi o Vasco. Ele foi gerente científico e idealizador do CAPRRES, um dos pilares da gestão de Eurico Miranda. Em abril saiu do clube muito por conta de divergências com o presidente Alexandre Campello. Alex inclusive ingressou com uma ação contra o dirigente, por danos morais.

“Meu advogado já o acionou e estamos aguardando os trâmites da justiça. Ele é presidente de um clube gigantesco e o que ele fala, é ouvido por muita gente. Não poderia deixar que ele levantasse qualquer dúvida sobre a minha conduta. A torcida do Vasco tem um carinho muito grande por mim e devo essa satisfação a eles. Fiz o que qualquer cidadão que se sente caluniado ou acusado de algo injustamente deve fazer. Apenas busquei meu direito de me defender de uma acusação que é falsa”.

Alexandre Campello teria declarado que Alex Evangelista teria levado equipamentos além de não apresentar relatórios de desempenho dos jogadores. Alex se defendeu das acusações.

“Passei toda a documentação e todos os relatórios da fisiologia desde 2015 pessoalmente para o vice médico Celso Monteiro e protocolei com a secretária do mesmo. Os equipamentos que pertencem ao Vasco nunca foram levados para fora do clube. Eu apenas levei meus equipamentos de uso pessoal, assim como qualquer outro profissional faria. São investimentos que nós profissionais fazemos. A propósito, ainda existe lá equipamento meu que não pude pegar”.

Procurado pela reportagem, o presidente Alexandre Campello afirmou que vai responder judicialmente.

Marcelo Mattos

Em entrevista exclusiva ao Esporte 24 Horas, o volante Marcelo Mattos afirmou que continua sofrendo com lesões por conta de ter voltado aos gramados antes do tempo de recuperação. Ele alegou que voltou a treinar após três meses da primeira cirurgia no joelho direito. Alex Evangelista, que era um dos responsáveis pela recuperação do atleta, afirmou que não fez nada de errado no tratamento realizado no jogador.

“O Marcelo Mattos tem meu respeito, entre outras coisas, por se tratar de um cara extremamente dedicado, seja nos treinos ou no processo da sua recuperação. Mas não me sinto à vontade pra falar do assunto, pois já saí do Vasco há 6 meses e penso que não seria ético seguir emitindo opinião sobre um atleta que já não está mais sob meus cuidados. Quanto ao tratamento adotado, posso dizer que já atendi mais de 20 atletas com casos semelhantes ao dele, e segui exatamente os mesmos protocolos. Tenho convicção que a parte que me cabia no processo foi de acordo com essa experiência com dezenas de casos de atletas de alto rendimento, em alguns casos até estrelas do esporte internacional”.

Fonte: Esporte24Horas