Alberto Valentim conta bastidores da passagem de Maxi López pelo Vasco
Na noite desta terça-feira (28), o ex-técnico do Vasco, Alberto Valentim, em entrevista ao Podcast “Fora do Jogo”, revelou os bastidores da passagem de Maxi López e os problemas que antecederam a sua saída em 2019.
“O Maxi, o que foi feito com o Maxi em 2019.: Maxi, você não vai disputar os primeiros jogos para você perder peso. O que o Maxi falava muito, que o Vasco é um time grande. Ele trabalhou em time grande na Itália, na Europa. Ele considerava o Vasco, obviamente o Vasco é time grande do Brasil. Então, qual que era a minha cobrança pra ele? Então você tem que se comportar como jogador de time grande, e principalmente sendo a referência que você é, porque ele era um líder positivo sim. Mas, ele estava nos devendo”, disse Valentim.
“Ele estava acima do peso, tinha que ter um cuidado um pouco maior com a vida extra (campo), cuidado com alimentação, cuidado com aquilo pra ele conseguir nos ajudar como Maxi de verdade, não só com o nome do Maxi. Então nós fizemos um trabalho para ele de não jogar os primeiros jogos, para ele ter uma pré-temporada maior, pra ele ter uma base melhor e depois nos ajudar no decorrer da temporada. Então esse era um cuidado que nós tínhamos com ele, apesar que ele nunca conseguiu chegar naquele peso que nós gostaríamos que ele tivesse chegado, porque ele iria nos ajudar muito mais”, completou.
JP Scofano então pergunta sobre a vida extra campo de Maxi López e sobre seus problemas familiares que chegavam às redes sociais.
“O Maxi, é a primeira vez que vou falar isso até, o Maxi tinha um problema seríssimo com a (ex) esposa, o Maxi tinha que ir pra Itália sem avisar, chegar pra buscar os filhos na escola, porque tinha uma briga que se a esposa soubesse que ele estava indo pra Itália, ela ia com os filhos pra outro lugar. E eu lembro bem que um dia ele veio conversar comigo, ele quase fazia um bate e volta porque ele queria ver os filhos e nós fizemos pra ele até, eu dei pra ele dois dias a mais, eu falei: cara, a unica coisa que vou te pedir, pra que você treine lá. A gente passava uma programação pra ele, dentro do possível, que nós estamos falando de 10, 11 horas de voo, mas ele tinha que pelo menos tomar um cuidado pra ele não perder aquilo que estávamos querendo que ele ganhasse, que era o condicionamento físico, que era a perda de peso”, afirmou.
“Mas tinha que entender o lado humano também, porque ele, o Maxi, quando queria conversar comigo uma conversa mais particular, ele até conversava em italiano, porque ele falava melhor o italiano do que o português. Então nós conversávamos, ali ele abria o jogo comigo, eu falei: cara, eu sou seu parceiro. Pra você me ajudar, eu preciso até te ajudar primeiro até como homem, como pai no caso, né. Porque ele sentia falta dos filhos, cara. Então, ele tava fechando uma passagem, pra te dar um exemplo, na segunda-feira pra voltar quarta, eu falei: não cara, calma, então vamos ganhar mais um dia, fica mais um dia com eles, mas você tem que me ajudar do outro lado que você tem que treinar lá. Mas assim, pra tentar chegar até ele, onde a cabeça dele ficasse boa, que ele voltasse feliz por ter visto os filhos e que depois na volta dele que ele nos ajudasse”, concluiu o ex-técnico do Vasco.
É de conhecimento público os problemas familiares de Maxi López envolvendo seus filhos, sua ex-esposa e seu ex-amigo, porém só hoje sabemos que isso chegou a afetar seu desempenho durante sua passagem pelo Vasco da Gama.
Maxi chegou ao Vasco em 2018 e foi peça chave no time de Valentim para escapar do rebaixamento. Já em 2019, mesmo com um começo de temporada abaixo, conseguiu faturar a Taça Guanabara de forma invicta. Visto como referência técnica do time e tendo o carinho da torcida, os frequentes problemas físicos e de peso culminaram na perda da titularidade. Com a saída de Valentim e chegada de Vanderlei Luxemburgo, Maxi pediu rescisão após não ser relacionado para um jogo da Copa do Brasil, voltando a jogar na Itália, desta vez pela segunda divisão. Porém, hoje, fica mais evidente as razões pessoais que influenciaram nessa decisão, juntamente com a dívida de R$ 5,2 Milhões do Vasco com o jogador.
Atualmente, Maxi e Wanda Nara, sua ex-esposa, se reaproximaram para resolver o impasse sobre seus filhos, além disso Maxi recentemente recebeu a dívida deixada na gestão de Alexandre Campello. O Vasco ficou em risco de não poder registrar reforços com a penalidade do Transferban, pelo atraso nas parcelas, porém, a dívida foi quitada pela 777 e o Cruzmaltino não tem mais pendências com o jogador.
O relato de Valentim demonstra a clara diferença entre o associativo e a SAF, será que hoje um jogador teria todas essas regalias por mais diferenciado que seja? Será que essas regalias não seriam também uma forma de compensar as dívidas com um jogador que em decorrência poderia pedir rescisão a qualquer momento? Ficam as questões.
Fonte: Papo na Colina