Advogado do Vasco nega acidente de trabalho com o ex-zagueiro Breno
Marcelo Ideses entende que perícia não confirmou reclamação de ex-zagueiro: "O que aconteceu foi por causa de um corpo magoado ao longo da vida".
Defensor do Vasco no processo movido pelo ex-zagueiro Breno, o advogado Marcelo Ideses entende que a cobrança de indenização é descabida - o pedido é de R$ 13 milhões, incluindo salários em atraso e demais direitos. Em contato com o ge, ele negou ter havido acidente de trabalho e detalhou o entendimento do clube: as lesões sofridas foram resultados do desgaste físico gerado pela carreira de jogador de futebol.
Ideses contestou ainda o que definiu como "interpretação" feita por Filipe Rino, advogado de Breno. Na terça-feira, o ge revelou a conclusão da perícia feita no ex-zagueiro, algo pedido pelo Vasco e autorizado pela juíza Kiria Simões Garcia, da 71ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro. Rino afirmou que o fato de o médico perito ter relatado que a atividade desempenhada em São Januário agravou as lesões do ex-atleta era suficiente para o reconhecimento da indenização.
- A ação judicial é totalmente descabida. O acidente de trabalho para o Direito é um fato imprevisível. É algo que não é esperado. Exemplo: um trabalhador caminha na fábrica e, de repente, cai um objeto na sua cabeça. É um acidente que causa lesão. Esse é um acidente de trabalho típico. Não era esperado sofrer uma pancada na cabeça quando a atividade desse funcionário do exemplo era apertar parafuso. As lesões de jogador de futebol, ao meu ver, tirando situações de entrada violenta, que se até pode achar inesperadas, não são assim. No caso do Breno, ele mesmo confirma que a lesão que ele sofreu foi sozinho. Ele deu um salto para cabecear a bola e, ao tocar no chão, sentiu dor no joelho. O desgaste do corpo dele era esperado. É algo que vai acontecer com qualquer atleta. São raros os casos de atletas que chagam ao final da carreira com o corpo em condições perfeitas, sem sequelas - afirmou o advogado do Vasco.
Breno começou a trajetória em São Januário em 2017, emprestado pelo São Paulo. O contrato terminaria em dezembro e, um pouco antes, ele teve a primeira lesão no joelho esquerdo. Em janeiro de 2018, as partes acertaram novo vínculo que iria até o final de 2020. Neste período, ele passou por outras quatro cirurgias (três no joelho esquerdo e uma no direito). Em março de 2021, decidiu processar o clube carioca.
- A defesa do Breno alega que ele era um atleta em perfeitas condições e, após esse acidente, teria ficado incapacitado para jogar futebol. Isso não procede. Ele chegou ao Vasco com 11 anos de carreira, sem contar o período da base. Dificilmente se chega a uma situação de tanto tempo sem lesão, o que é algo normal. É fácil querer colocar a culpa no Vasco sendo que o número de partidas dele no Vasco é, proporcionalmente na carreira, irrisório. Aliás, o perito também não concluiu que houve acidente de trabalho. A conclusão é de que a prática do futebol ocasionou as lesões. O que aconteceu com o Breno foi por causa de um corpo magoado ao longo da vida. Ele já tinha histórico de lesões - acrescentou Marcelo Ideses.
Questionado pelo ge sobre o fato de o laudo pericial ter dito que a atividade no Vasco agravou as lesões de Breno, o advogado respondeu:
- Eu não vou afirmar que agravou. As lesões pelas quais ele passou... isso está mais do que demostrado que tem a ver com a prática de futebol na carreira. O fato é que ele não tem a confirmação de que foi vitima de acidente de trabalho.
A juíza Kiria Simões Garcia, da 71ª Vara do Trabalho do Rio de Janeiro, marcou audiência para 12 de julho de 2022. Por ora, o caso não tem sentença. Até lá, o Vasco aguarda a resposta do médico perito sobre alguns questionamentos feitos.
- Questionei se o perito poderia mensurar a responsabilidade dos outros clubes como ele afirma que o Vasco contribuiu para as lesões. Qual a porcentagem? Qual o tamanho da minha contribuição? Na audiência, se pode apresentar provais orais. As nossas testemunhas já estão informadas - concluiu Marcelo Ideses.
A última partida de Breno pelo Vasco ocorreu em 9 de agosto de 2018, quando participou da vitória por 1 a 0 sobre a LDU pela Sul-Americana. O jogador não atuou nas temporadas de 2019 e 2020. No total, ele disputou 33 jogos pelo Vasco e marcou um gol. Pelo São Paulo, clube pelo qual surgiu em 2007 e teve outra passagem, somou 49 jogos.
Fonte: Globo Esporte