Futebol

Acácio recorda passado, elogia Germano e diz: "Jogava por amor"

O programa \"Só dá Vasco\" recebeu na última segunda-feira (29/04) um convidado bastante especial. Campeão dos Cariocas de 82, 87 e 88 e do Campeonato Brasileiro de 89, os ex-goleiro Acácio conversou com os integrantes da mesa e relembrou alguns momentos felizes com a camisa vascaína.

Confira a transcrição da entrevista:

Como você poderia resumir sua trajetória no Vasco?

\"Eu vim do Serrano em 1982 e tive a oportunidade de entrar num time logo numa decisão. Foi um jogo em que o Lopes fez várias alterações e a gente conseguiu ganhar do Flamengo. O Flamengo era um grande time. Ganhamos também em 87 e 88 um bicampeonato Carioca em cima do Flamengo. Conquistei também o Brasileiro de 89\".

Qual foi a emoção de conquistar o título Carioca de 82 em cima do Flamengo, que era considerado o melhor time do Brasil naquele momento?

\"Essa equipe do Vasco de 82 acabou quebrando uma hegemonia do Flamengo, que ganhava vários títulos na época. Eles tinham grandes jogadores realmente e conquistaram até o Campeonato Mundial. Eu fui um cara que tive a felicidade imensa, pois consegui jogar no meu time de coração. A gente é profissional e não joga só por amor ao clube, joga também pelo lado financeira, mas eu consegui aliar as duas coisas. No meu primeiro ano de Vasco conquistei um grande título em cima do Flamengo, que foi o Carioca de 82. Essa foi a minha arrancada em termos de profissionais\".

Qual o melhor time que você jogou no Vasco?

\"Foram tantos grandes times que eu participei...Eu joguei no Vasco durante nove anos e meio e seria até injusto falar do melhor time que joguei. Mas eu tenho um time que considero o melhor que joguei. O time era eu, Paulo Roberto, Donato, Fernando e Mazinho; Zé do Carmo, Marco Antônio Boaiadeiro, Tita e Bismarck; Mauricinho, Roberto Dinamite e Romário. Foi a melhor equipe que eu joguei dentro do Vasco da Gama. Claro que tive outras grandes participações, mas esse foi o melhor plantel que eu joguei\".

O fato de você ter tido sempre bons goleiros na sua reserva te ajudou de alguma forma?

\"Eu hoje sou treinador de futebol e quando eu vou conversar com o dirigente cobro que no time tenha pelo menos dois jogadores bons posição. Quero jogadores que tenham a condição de brigar de igual para igual. Nessa função de goleiro não pode ser diferente. Eu não abro mão de ter dois goleiros do mesmo nível. Se você tiver um goleiro que se sente absoluto, ele vai acabar não trabalhando como deve ser. Ele tem que ter uma sombra. Na minha carreira eu tive a felicidade de ter sempre uma sombra e por isso nunca podia cochilar. Eu tomei o lugar do Mazzaroppi e passei a ter ele como meu reserva. Eu tive o Paulo Sérgio como meu reserva. Tive o Roberto Costa, que em 83 jogou no meu lugar no Brasileiro por conta de um problema de fissura que eu tive e foi muito bem. Eu acho que o goleiro tem que ter sempre uma sombra para não pensar que é absoluto\".

O que poderia falar do título Estadual de 88, conquistado graças a um golaço do Cocada?

\"Eu me lembro bem, pois essas conquistas a gente não esquece. A gente jogava por um empate. Foi um jogo complicado, difícil e eu fui muito bem nesse jogo. No final o Cocada fez aquele gol. Em cinco minutos ele fez o gol e foi expulso. Ele tinha vindo do Flamengo na época. Foi inesquecível, pois é muito bom ganhar títulos em cima do Flamengo\".

Podemos dizer que o Flamengo é freguês do Acácio?

\"Olha, eu vou dizer uma coisa e o que vou falar é fruto de um levantamento que já foi feito. Eu joguei nove anos e meio no Vasco e fiz mais ou menos 40 partidas contra o Flamengo. Das 40 partidas eu não perdi 10. Eu tenho três títulos estaduais e os três foram em cima do Flamengo. Entre 87 e 89 nós ganhamos cinco partidas seguidas do Flamengo. Acho que não preciso dizer mais nada. Eu fui extremamente feliz dentro do Vasco da Gama contra o Flamengo\".

Aprova o Carlos Germano como preparador de goleiros do Vasco?

\"O Carlos Germano é uma simpatia. Ele é um \"Gentelman\". Eu tenho uma imensa consideração por ele e somos amigos. Eu fui um goleiro em cima de trabalho. Eu trabalhava muito e acho que tem que ser dessa forma. O Germano sabe disso. Hoje como treinador de goleiros ele tem que saber que o goleiro tem que trabalhar dobrado, tem que trabalhar muito. O goleiro é sempre muito cobrado e é o único que não pode errar\".

Como você viu o sucesso que o time do Vasco fez em 2011 após a sua saída e a do PC Gusmão?

\"Nós chegamos no Vasco em 2010 num momento turbulento e complicadíssimo para o Vasco. O Celso Roth tinha deixado o Vasco para trabalhar no Sul. O PC Gusmão chegou ao Vasco num momento turbulento e conseguiu levar o time a uma posição tranquila no Brasileiro. Nosso início de Estadual em 2011 foi ruim, pois perdemos vários jogos para as equipes consideradas pequenas. Por conta disso não tinha como a gente ficar. Depois chegou o Ricardo Gomes e conseguiu dar uma instabilidade ao Vasco com seu perfil e sua tranquilidade. O Ricardo teve um grande problema e quem deu continuidade foi o Cristóvão. Eu como vascaíno fiquei feliz com o sucesso apesar da nossa saída. Ver o Vasco ganhar a Copa do Brasil, coisa que nunca havia ganho na sua história, chegar bem no Brasileiro e na Sul-Americana para mim foi muito bom\".

Vocês esperavam que o Dedé, o Romulo e o Allan fossem obter tanto sucesso com a camisa do Vasco?

\"A gente não tinha dúvidas. Quando chegamos ao Vasco o clube tinha uma pessoa que trabalhava e conhecia muito bem a base, que era o Gaúcho. Por ter essa ligação ele sempre falava comigo do potencial do Dedé, do Romulo e do Allan. Eu levava tudo para o PC Gusmão. A gente não tinha dúvida que esses jogadores iriam suprir todas as necessidades que o Vasco precisava\".

O que você achou dessa contratação do Paulo Autuori?

\"Eu nunca trabalhei com ele, mas não tenho dúvidas que ele tem o perfil de treinador que o Vasco precisa. Ele é um cara muito inteligente e que já trabalhou no futebol europeu. Eu conheço ele desde Portugal, pois joguei cinco anos no futebol português. Pelo que ouço dizer ele é um cara vascaína, mas independente disso ele é um cara que está ligado ao futebol, que vive o futebol. Eu acho que o Paulo Autuori é o treinador ideal para tirar o Vasco dessa situação\".

Quais goleiros você convocaria para a Seleção Brasileira?

\"Eu não abro mão da experiência, apesar de acha que ela se ganha jogando. No clube não teria medo de colocar um garoto para jogar, mas na Seleção é diferente. Acho que o Júlio César tem que ser titular da Seleção Brasileira por ter experiência e já ter participado de uma Copa do Mundo. Eu acho que seria extremamente importante ele ser o titular. Apesar de conhecer e estar à vontade para falar muito bem dos outros dois. O Diego Cavalieri e o Jéfferson eu conheço muito bem. O Diego Cavalieri trabalhou comigo quando tinha 17 anos. Ele jogou a partida mais importante do Mundial sub-17. E o Jéfferson veio para o Botafogo com o meu aval. Ele era desconhecido no Cruzeiro, mas veio para o Botafogo e se firmou. Foi campeão Mundial sub-20 com a Seleção Brasileira. Eu estou muito à vontade para falar desses dois goleiros, que possuem potencial para falar da Seleção Brasileira, mas nesse momento eu não abriria mão da experiência do Júlio César\".

Deixe uma mensagem final.

\"Eu jogava com muito amor pelo Vasco da Gama. Muitas vezes eu vi meu pai fechar a janela para não ser ouvir brincadeiras depois das derrotas do Vasco para o Flamengo. Eu aprendei que eu tinha que ser um vencedor pelo Vasco, principalmente em relação ao Flamengo. Eu não deixei isso por menos. Eu joguei no Vasco por amor, não tenham dúvidas disso. Se hoje eu sou uma pessoa realizada é graças ao Vasco da Gama. Sou grato a esse clube. O Vasco não me deve mais nada, eu que devo ao Vasco. Estou torcendo muito para que o Vasco saia dessa situação\".

Fonte: SÓ DÁ VASCO