A possível tática do Vasco para a decisão contra o Ituano
É decisão! O Vasco precisa vencer ou ao menos empatar com o Ituano, neste domingo (06), às 18h30, no estádio Novelli Júnior, em Itu, para confirmar o tão sonhado acesso para a Série A do Brasileirão. Em caso de derrota, o Ituano chega a 60 pontos e rouba a última vaga dos quatro times que sobem para a próxima temporada.
O acesso quase veio nos últimos jogos e ganhou contornos dramáticos após o Sampaio Correa vencer o Cruz-Maltino de virada, por 3 a 2, em São Januário. Um jogo que serve como uma amostra do trabalho de Jorginho na equipe. Se conseguiu melhorar o ataque e manter as promessas no time, o Vasco ainda sofre muito na defesa. Nos nove jogos com o treinador, foram 17 gols feitos e 14 contra.
Como o Vasco joga?
Jorginho chegou ao Vasco com uma missão nada fácil. Maurício de Souza desmontou basicamente a base sólida de Zé Ricardo, e Emilio Faro tentou mudar, mas os resultados não vieram. Com pouco tempo e apostando nos principais nomes do elenco, o técnico montou um 4-4-2, com Nenê e Eguinaldo mais à frente e Figueiredo e Marlon Gomes fazendo o vai-e-vém pelos lados, com Andrey e Palacios como volantes. A defesa tem Léo Matos, Danilo Boza, Anderson e Edimar, que está suspenso e deve dar lugar a Paulo Victor.
Profundidade e Nenê mais solto: o ataque do Vasco
O esquema acima se desmancha no jogo. Como o Vasco se organiza e se movimenta quando tem a bola? E quando não tem a bola, o que faz? São perguntas importantes, e para atacar, a resposta de Jorginho é aproveitar a velocidade e agilidade de Marlon, Figueiredo e do destaque Eguinaldo e a visão de jogo de Nenê, que do alto de seus 41 anos, não consegue correr para frente e para trás o tempo todo.
O Vasco ataca sempre com muita profundidade: ao menos três jogadores na última linha do adversário, buscando receber a bola nas costas da defesa. Os laterais se juntam nessa profundidade, e Nenê procura se colocar sempre mais atrás, normalmente onde o adversário deixa espaço entre suas linhas. Assim, recebe a bola com mais tempo e espaço para armar o jogo e, no português bem claro, colocar o ataque para correr. Veja na imagem:
Para sair com qualidade, Thiago joga bem com os pés e Palacios e Andrey vão buscando a bola entre os zagueiros, numa saída bem apoiada e que sempre tenta se colocar em superioridade numérica. Não chega a ser uma saída de três, como o Flamengo e o Botafogo fazem. É uma saída apoiada, mais parecida com o que o Fluminense de Fernando Diniz faz.
Essa saída sempre tem Nenê esperando a bola, porque a marcação sobe e livra esse setor para que o grande nome do Vasco na Série B pense e conecte os setores. Do trio, Figueiredo é quem mais sai da profundidade e busca o jogo. O lado direito é o lado forte, com Léo Matos avançando mais e Eguinaldo buscando se antecipar - foram muitos gols feitos em jogadas assim.
Falhas de cobertura e espaço nas costas dos volantes
Não dá pra reclamar que o Vasco deixa a desejar no ataque. Foram 17 gols sob o comando de Jorginho. Mas se o acesso não veio, é por conta de uma defesa que apresenta muitos problemas e levou 14 gols em 9 jogos - média superior a 1 por jogo. Dois duelos que poderiam garantir o acesso deixam claro como o pelotão lá atrás deixa a desejar: contra o Sport e especialmente contra o Sampaio Correia.
Onde as falhas estão? Primeiro, defender é um ato coletivo. Não dá para culpar um ou outro. Vendo os gols tomados e as finalizações sofridas, fica claro como o Vasco tem um problema de coordenação na cobertura do espaço entre o lateral e o zagueiro.
O Vasco marca com encaixes: cada jogador tem um alvo e acompanha esse alvo até o fim. Quando o adversário cai pelo lado, são os laterais Léo e Edimar que precisam sair da área e acompanhar o alvo. Só que sobra um espaço, que teoricamente deveria ser protegido por Andrey ou Palacios. Mora aí o problema: três dos quatro gols tomados pelo Vasco nos últimos jogos foram por problemas de cobertura.
Aqui, o jogador do Criciúma é mais esperto que Palacios e ataca um espaço não observado e não protegido quando Léo Matos sai na cobertura.
Aqui, são os dois volantes que deixam o adversário driblar. Perceba que o jogador se coloca nas costas dos volantes e obriga Danilo Boza a ficar de frente para tomar a decisão: acompanho a linha ou tento roubar a bola? Esse pensamento dá tempo ao adversário, que vê o ângulo e acerta um golaço. O mérito individual também é um mérito tático.
Nesse exemplo, fica claro como o zagueiro - no caso Danilo Boza - precisa da ajuda dos companheiros. Léo Matos percebe que os volantes estão longe e sai para marcar seu alvo. Na teoria, era papel de um dos volantes marcar de perto quem chega por dentro. Assim, o outro volante faria a sobra na zaga. A falta dos meias obriga o lateral a sair, que faz Boza ficar novamente em dúvida se olha a bola...e sobra tempo para a projeção nas costas que acaba em rebote e gol da virada.
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