A importância histórica de São Januário
Sem receber público há mais de dois meses por causa de interdição da Justiça, São Januário sempre foi motivo de orgulho para os torcedores do Vasco, que ajudaram a erguer o estádio. Clube, vascaínos e autoridades empenharam esforços nos últimos meses e esperam conseguir, na próxima semana, junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro, a liberação para a volta da torcida às arquibancadas.
Nesse especial, o ge relembra histórias que reforçam a importância histórica de São Januário, estádio que é patrimônio do futebol carioca. Leia abaixo.
Construção do estádio
Em 1925, o clube fez campanhas para que torcedores se tornassem sócios e levantou 685 contos e 895 mil réis para a compra do terreno e 2 mil contos de réis para a construção. A mobilização ocorreu como uma resposta aos clubes elitistas da época que não aceitavam jogar contra atletas negros e pobres que compunham o elenco do Vasco. São Januário foi inaugurado no dia 21 de abril de 1927, ainda sem a arquibancada em curva.
Em 31 de março de 1928, já com a arquibancada em curva concluída, São Januário se tornou o primeiro estádio brasileiro a poder receber jogos noturnos. O amistoso do Vasco contra o Wanderes, do Uruguai, marcou a inauguração dos refletores. Neste jogo, vencido por 1 a 0 pelo time da casa, o ponta Santana marcou o primeiro gol olímpico que se tem notícia no Brasil.
Após a conclusão das arquibancadas, São Januário foi considerado o maior estádio da América do Sul até a construção do Centenário, no Uruguai, para a Copa de 1930.
Ao longo dos anos, o complexo de São Januário recebeu melhorias que permitiram o ingresso do clube em outros esportes além do remo e do futebol. Quadras de tênis, vôlei e basquete já existiam na inauguração. Foi criado um parque aquático e durante algum tempo havia uma pista de atletismo ao redor do gramado.
Comício de presidente
Em 1940, São Januário serviu como palco do comício de 1º de maio (que depois passou a ser considerado como o Dia do Trabalhador) de Getúlio Vargas. Na ocasião, o então presidente do Brasil anunciou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), as primeiras leis trabalhistas do Brasil. O estádio foi palco de outros vários discursos de Getúlio durante os anos seguintes.
Arquitetura
Com 274 metros, a fachada principal é feita no estilo neocolonial, movimento que valoriza a arquitetura colonial e barroca e as raízes luso-brasileiras. Desenhada pelo arquiteto português Ricardo Severo, ela é a porta de entrada para a Tribuna de Honra e setores administrativos do clube, além da sala de troféus. Apesar de ter recebido algumas reformas ao longo dos anos, ela nunca perdeu suas características originais e foi tombada pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Localização
Segundo historiadores, o bairro de São Cristóvão foi escolhido pelo Vasco por ter características parecidas com seu local de fundação, na zona portuária da cidade. Além disso, o local possuía uma grande colônia portuguesa que se formou na região desde a chegada da Família Real à Quinta da Boa Vista.
O estádio, que na verdade se chama Estádio Vasco da Gama, é conhecido por São Januário porque esse é o nome da rua onde se dava o acesso à arquibancada.
A localização, próxima à comunidade conhecida como Barreira do Vasco, foi, inclusive, um dos argumentos para a interdição de São Januário, em 23 de junho deste ano. A procuradoria citou a violência no entorno do estádio e na comunidade da Barreira. O clube entende a justificativa como um ato discriminatório da Justiça.
Números
Área do complexo: 80.000 m²
Capacidade atual: 21.880 pessoas
Maiores públicos: mais de 60 mil pessoas
31/03/1928: Vasco 1x0 Wanderes
25/04/1949: Vasco 1x0 Arsenal
Maior artilheiro: Roberto Dinamite - 184 gols entre 1971 e 1992
Jogos da Seleção: 26 jogos (21 vitórias, 1 empate e 4 derrotas)
Maior goleada: Vasco 14 x 1 Canto do Rio, em 06 de setembro de 1947
Foi também em São Januário, em 2008, que Romário marcou seu gol de número mil. O Baixinho marcou em cobrança de pênalti, na vitória por 3 a 1 sobre o Sport, pelo Campeonato Brasileiro. O atacante tem uma estátua atrás de um dos gols. Assim como Roberto Dinamite, maior ídolo da história do Vasco, que recebeu a homenagem no ano passado. Em janeiro deste ano, após seu falecimento, o atacante passou a nomear uma das avenidas de acesso ao estádio.
Outro momento marcante aconteceu com Vivinho, campeão brasileiro pelo Vasco em 1989. Ele marcou um dos gols mais bonitos da história de São Januário. O lance, que ficou marcado na memória dos vascaínos, foi em um jogo contra a Portuguesa, pelo Brasileiro de 1988, quando ele recebeu na área, deu três lençóis no volante Capitão e completou para o gol, que lhe rendeu até placa no estádio.
A expectativa do Vasco é a de que no dia 21 de setembro o estádio volte a receber os torcedores para o jogo contra o Coritiba, pela 24ª rodada do Brasileirão.
Fonte: ge