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A feliz jornada do Vasco: de mau para bom exemplo (Opinião)

Por Décio Lopes

O Vasco quer chegar a cem mil sócios e lança uma campanha que tem tudo para mudar a história do clube, seguindo os exemplos de sucesso de outros grandes pelo Brasil. Com honestidade e competência este é o caminho.



Houve um tempo em que parecia não haver bons exemplos a serem seguidos no futebol brasileiro. Parecia não haver luz no fim do túnel. O destino dos nossos clubes era inexoravelmente a falência, o endividamento eterno, a mulambada e o descrédito. Instituições lindas e gloriosas estariam condenadas - depois de anos de incompetência e/ou desonestidade e/ou irresponsabilidade daqueles que, mesmo bem intencionados, demoraram a acordar para o novo mundo do futebol-negócio.

Agora felizmente a situação mudou. Temos vários bons exemplos de gestão, temos diversos clubes tirando o pé da lama e outros tantos já caminhando bem, com perspectivas de ir longe. Não quero causar ciúmes nos demais (repito: sei que, felizmente, já há vários exemplos legais por aí), mas destaco São Paulo e Internacional. Hoje seriam os modelos. Basta copiá-los e o dirigente estará em bom caminho.

E é justamente seguindo uma fórumula de sucesso do Inter (que, por sinal, o Grêmio também realiza muito bem) que o Vasco lança agora uma grande campanha em busca associados.

Amigos, não tenho nada a ganhar com isso, não tenho interesse algum, sequer tenho amigos na diretoria do Vasco; mas como apaixonado pelo futebol devo dizer que eu adoraria que desse certo, ficaria muito feliz se a campanha tivesse sucesso, se o torcedor se empolgasse e aderisse.

Por isso uso este espaço para pedir a artenção dos milhões de apaixonados pela cruz-de-malta para a campanha “O Vasco é meu, o sentimento não pode parar”.

Os números iniciais são espetaculares. A diretoria informa que em 28 horas já foram mais de 9 mil adesões. Lindo, não?

Se o clube conseguir os cem mil novos sócios que deseja, a arrecadação - apenas com este ítem - representaria duas vezes o valor do patrocínio da Eletrobras. Em outras palavras: o clube, a médio prazo, com honestidade e inteligência, estaria salvo. Já pensou?

Teríamos mais um bom exemplo para o Brasil. Mais uma luz no fim do túnel. O Vasco retornando ao seu verdadeiro destino: ser sinônimo do que é bom, do que é saudável e bacana. Voltando a ser sinônimo de vitória.

O nosso futebol precisa de clubes fortes, soberanos, de pé - não mais de joelhos, nas mãos de empresários (que podem ser bons parceiros, claro, mas não podem tratar um clube como casa-da-sogra), reféns de credores e mal intencionados.

Tomara que dê certo. E que os bons ventos cheguem rapidamente a outras praias. Ou, citando Chico Buarque e seu inesquecível poema sobre a Revolução dos Cravos, em Portugal:

“Já murcharam a tua festa, pá
Mas certamente
Esqueceram uma semente
Nalgum canto do jardim

Sei que há léguas a nos separar
Tanto mar, tanto mar
Mas sei também como é preciso, pá, navegar, navegar
Canta a primavera, pá
Cá estou carente
Manda novamente algum cheirinho de alecrim”

Fonte: Blog Expresso da Bola