'A diretoria do Vasco se encontra numa encruzilhada'
A diretoria do Vasco se encontra numa encruzilhada: ou se mantém fiel à cartilha de austeridade financeira, premissa primeira da tão prometida recuperação, e corre o risco de não conseguir o retorno à Série A, ou rasga os próprios princípios, gasta o que não pode na contratação de reforços para o restante da competição, e não rompe com o círculo de endividamento que levou o clube à condição delicadíssima atual, quase falimentar.
Só existe uma alternativa para um acesso sem corromper os ideais de quem comanda o Vasco hoje. Lisca precisa urgentemente transformar o Vasco em um time minimamente regular. Ou então é contar com o nivelamento por baixo da Série B até o fim para, quem sabe, entrar no G4 sem nunca ter feito muito para merecer. Como obra do acaso. Pode acontecer, mas é arriscado.
Lisca já tem sinais claros do que funciona ou não nesse Vasco que faz sua pior campanha nas quatro edições da Série B. Contra o Londrina, mostrou evolução em alguns aspectos e não sairia derrotado se não fossem os erros individuais de Lucão e Ricardo Graça. Os problemas defensivos passam tanto por uma questão de nomes quanto de esquema. A diretoria corre atrás para trazer um novo zagueiro - o nome deve ser anunciado em breve -, mas só isso pode não ser suficiente. É preciso reforçar o meio de campo.
O Vasco demanda um esquema com três jogadores de maior força física no setor. Romulo, Bruno Gomes e Juninho são os favoritos para fazer essa proteção, pressionar para que essa bola chegue ao último terço defensivo mais dos zagueiros vascaínos do que do ataque adversário.
Ao mesmo tempo, o Vasco requer demais transição rápida para o ataque. Jogar com as linhas mais baixas não é vergonha nenhuma contanto que você saiba como articular as jogadas para, com três ou quatro passes, levar a bola para uma posição em que possa ser finalizada. Léo Jabá é uma opção, mas não deve ser a única. Gabriel Pec já mostrou na temporada que tem vitalidade para cumprir essa função. Com Cano disposto a sair mais da área, ele oferece opção de passe, pode fazer o trabalho de pivô.
Reforços, se forem de qualidade, serão bem vindos dentro da equipe. Poderão trazer a virtude individual suficiente para o Vasco subir para a Série A. Mas serão, sem dúvida, uma confissão de equívoco do departamento de futebol em relação ao trabalho realizado até aqui. Do clube, como um todo.
O Vasco só pode sonhar com uma retomada da grandeza passada, a longo prazo, se for capaz de fazer bom futebol com pouco. Isso é inegociável e precisa acontecer para ontem. Do que adianta subir, ter o mínimo de êxito que seja, se endividando ainda mais, rolando novos passivos para o ano seguinte, para a gestão seguinte? O Vasco faz isso há 20 anos. E deu no que deu.
Fonte: Globo Online