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A difícil missão de fechar o primeiro contrato

O site do Jornal O Dia publicou reportagem sobre a dificuldade que os clubes brasileiros têm em segurar suas jovens estrelas após os 18 anos, onde usa como exemplos, os irmãos gêmeos do Fluminense, Fábio e Rafael, e mais recentemente Wellington Silva, além de Pato do Inter e Philippe Coutinho do Vasco.

Segundo a materia,

“Em todos os casos a situação foi a mesma. Os primeiros contatos foram feitos com familiares e empresários. Assim que o jogador completa 16 anos e pode firmar seu primeiro contrato profissional com qualquer clube, as negociações já estão sacramentadas. Então, o clube europeu propõe ao formador um compromisso até os 18 anos, idade em que o jogador já pode se transferir. As respostas sempre são positivas já que caso recuse basta ao comprador e ao jogador esperar dois anos e levá-lo sem custo.

Isso só não é feito porque não interessa nem ao atleta e nem a quem vai comprá-lo vê-lo parado por tanto tempo. E quem vende quer, mesmo que a quantia não seja considerada a ideal, receber algum valor.”

A FIFA, proíbe transferências internacionais de menores de 18 anos, assim a permanência do atleta no clube formador é um efeito colateral da lei que dificulta mas não inibe os clubes Europeus de buscarem fechar contrato com jovens brasileiros mesmo antes que estes estejam aptos a assinarem contratos profissionais com seus próprios clubes.

No caso de Philippe Coutinho, seu primeiro contrato já foi assinado com o Vasco, mas simultaneamente sua transferência futura para a Inter de Milão assim que o jogador completasse 18 anos. Além de um valor para o Vasco, algo em torno de 3 milhões de euros, o clube italiano passou a ser responsável pela pagamento dos salários do atleta, segundo a matéria,

Os valores giram em torno de 200 mil euros por ano, o que dá cerca de R$ 46 mil por mês.

Assumindo serem os valores verdadeiros, o salário de um atleta seria suficiente para arcar com a ajuda de custo e salários de toda a categoria Juvenil do Vasco.

O Advogado Marcos Motta, especializado em Justiça Desportiva Internacional, considera um bom negócio para o clube formador, já que nem sempre o jogador brilha:

-Estamos falando em promessas. O valor recebido é muito maior do que o custo da formação – concluiu ao O Dia.

Claro que os 3 milhões de euros reembolsaram várias vezes o valor investido pelo Vasco na formação do atleta desde o Pré-Mirim de Futebol de Campo, mas frustrou em tantas vezes mais o que o clube iria receber se efetivamente tivesse o jogador sob contrato. E o pior, coberto de dívidas, nada do que foi recebido pode ser reinvestido na manutenção ou na melhoria da infraestrutura das divisões de base do cruzmaltino.

Roberto Dinamite, atual presidente, já recebeu a negociação de Philippe Coutinho sacramentada mas deu uma declaração sobre o assunto:

- Em vários casos o jogador está no clube desde 10 anos. Há um sentimento. E isso pode ser utilizado. Mas é difícil concorrer com os euros e com as condições dos europeus. Ficamos reféns. Se com 16 anos ele não quiser assinar, sai de graça mesmo – disse Dinamite.

Sim, Philippe Coutinho, antes de assinar com a Inter de Milão, esteve para sair para o Real Madrid sem que sequer o Vasco fosse comunicado, o presidente na ocasião levou o caso a FIFA, assim com às autoridades brasileiras e o negócio não foi à frente, mas o próprio sucesso do atleta não impediu que novas propostas chegassem até que o clube teve que ceder.

Mas casos como o de Philippe Coutinho não são regra. Por exemplo, o Volante Belchior, também serviu à seleção Brasileira Sub15 e mesmo não sendo titular, teve papel importante no título Sulamericano. Também com notícias sobre assédio estrangeiro, só foi fechar contrato com o Vasco, 5 meses após fazer 16 anos, isso representado por Carlos Leite, empresário muito influente no Vasco.

Outro jogador motivo de reportagens sobre assédio foi Muralha, outro que permaneceu como Amador mais de ano após completar 16 anos para finalmente transferir-se para o maior rival, pois clube e atleta não chegaram a um acordo salarial.

Além desse existem a grande maioria dos atletas que sem passagens pela seleção, tem pouco ou nenhum poder de barganha na negociação do primeiro contrato e nestes casos é o próprio clube que não deseja profissionalizá-los. Em 2009 o Vasco, por exemplo, disputou o Campeonato Carioca Juvenil com um time majoritariamente formado por amadores, o que nos leva a crer que fechar o primeiro contrato é difícil para ambos os lados e exige maior reflexão.

E nem tocamos na difícil tarefa de prorrogar o primeiro contrato ou firmar o segundo após 18 anos… como aconteceu com Souza citado na mesma reportagem.-22.938618-43.237641

Fonte: Blog de Base