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Nelson Sargento revela torcida para o Vasco na final do Campeonato Carioca

‘Isso lá é hora de sambista acordar?!”, dispara Nelson Sargento, às 11h da manhã, ao receber a equipe do DIA em seu apartamento, em Copacabana, para falar do show ‘90 Anos de Samba’, em cartaz hoje, amanhã e domingo na Caixa Cultural, no Centro. “Agradeço a Deus e à natureza, porque, apesar de um bocado de cansaço, o mais importante é que ainda raciocino bem e faço sambas!”, festeja.

O show comemora com o público a alegria de viver e de cantar de Nelson Sargento, que se apresenta acompanhado pelos músicos do grupo de samba e choro Galo Preto e pelo cantor Pedro Miranda, representante da nova geração. “Como é o Dia do Trabalho, vou abrir o show com a música ‘Samba do Operário’, parceria minha com Alfredo Português e Cartola, que diz: ‘Se o operário soubesse reconhecer o valor que tem seu dia, por certo que valeria duas vezes mais o seu salário’”, conta o bamba mangueirense, que está celebrando também 60 anos de carreira. “Comecei fazendo o samba-enredo da Mangueira ‘Primavera’, em 1955. Depois lidei muito com o Cartola, e, quando ele faleceu, a Dona Zica me pediu para terminar quatro músicas que ele deixou incompletas”, rememora.

Presidente de honra da Mangueira, o baluarte se entusiasma com as lembranças da Verde e Rosa. “Mas hoje não tá bom, não. Não quero nem falar muito disso, mas os mangueirenses de coração ainda vão reerguer a nossa escola. Porque o samba agoniza, mas não morre! Escreve isso aí, garoto”, solicita, citando o título de um de seus sambas mais famosos. Pedido atendido, mestre.

Ele fica mais entusiasmado ao lembrar dos tempos do exército, quando Nelson Mattos virou o Sargento, patente que agregou ao nome artístico. Mas, naquela época, arte não rimava com serviço militar: “Eu já tocava violão e fazia sambas, aí, um dia, voltando de um pagode, entrei no quartel com um violão. Eu já era sargento, mas um oficial deu parte de mim e fui repreendido por indisciplina.”

Hoje, ele se diverte com a história, mas na época não foi nada engraçado. “Um militar que sofre uma repreensão dessas tem sua promoção atrasada em três anos”, explica o artista.

Nelson Sargento espera ganhar um presente no encerramento da temporada na Caixa Cultural, domingo. “Tem que dar Vasco, contra o Botafogo, na final do Carioca. Chega de ser vice! Os flamenguistas aqui do prédio vivem mexendo comigo, mas agora está todo mundo caladinho!”, provoca. E que venham mais 90 anos. “Não exagera! Se vierem mais dez, já está bom.”

ONDE E QUANDO

CAIXA CULTURAL. Avenida Almirante Barroso 25, Centro (3980-3815). De hoje a domingo, às 19h30. R$ 20 (estudantes e maiores de 60 anos pagam meia). Livre.

Fonte: O Dia