Futebol

Grupo político responde Fluminense em nota e insinua racismo do tricolor

O "Casaca", grupo político de Eurico Miranda no Vasco, emitiu uma nota oficial em resposta à que foi divulgada pelo Fluminense na última terça-feira, onde o Tricolor se posicionou de forma dura em relação à polêmica dos preços dos ingressos para o Campeonato Carioca.

No documento vascaíno, há uma menção ao histórico do Cruzmaltino de combate aos menos favorecidos para justificar a postura do clube em defender os bilhetes com preços populares. O texto, intitulado de "resposta ao freguês", ainda insinua uma suposta postura racista do Tricolor ao longo de sua história.

"...É fato que o tricolor das Laranjeiras possui máculas em sua história, de cunho social e racial, desprezíveis e inapagáveis. Também é fato que a ditadura da elite do futebol deste estado foi rompida quando o Vasco fez incluir negros, pobres, analfabetos, apesar de você(s)...", diz um trecho da nota.

O "Casaca" foi um dos principais braços políticos de Eurico Miranda nas eleições em que ele participou no clube. No tempo em que o dirigente ficou afastado do Vasco, era através do site e dos programas de rádio do grupo que o cartola tinha voz e se pronunciava. Inclusive quando retornou ao poder, no fim do ano passado, utilizou tal canal para emitir uma carta aberta aos vascaínos.

Os preços populares do Campeonato Carioca foram sugeridos pelo Vasco e aceitos por maioria de votos em Conselho Arbitral na Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj). Flamengo, Fluminense e o consórcio que administra o Maracanã se posicionaram contra e alegaram prejuízos financeiros com tais valores.

Veja abaixo a íntegra do texto do "Casaca":

"Resposta ao Freguês

Por mais incrível que possa parecer, o Fluminense F.C., mui mail representado numa missiva à Federação de Futebol do Rio de Janeiro, ousa citar, nas entrelinhas, seu maior algoz.

É fato que o tricolor das Laranjeiras possui máculas em sua história, de cunho social e racial, desprezíveis e inapagáveis.

Também é fato que a ditadura da elite do futebol deste estado foi rompida quando o Vasco fez incluir negros, pobres, analfabetos, apesar de você(s).

O Club de Regatas Vasco da Gama em sua história norteou-se por dar oportunidade não apenas de inclusão, mas também de ascensão social, popularizou-se por isso, cresceu pela força do trabalho de seus homens e por seu estilo agregador.

Não é diferente nos dias de hoje. O clube agrega consigo os de menor investimento, menos abastados, mas que guerreiam dentro de seus limites para se manterem vivos, à custa de muito trabalho e suor. O Vasco os tem como aliados por buscar interesses que convirjam com a maioria dos filiados à FFERJ e não por coincidência possui maioria entre eles.

Não seria de bom tom ridicularizar títulos obtidos pelo tricolor carioca como os de 1971, 1985, 2002, 2005, 2010, obtidos de forma indecente, fosse pela participação decisiva de árbitros, fosse pela conduta de alguns adversários dos tricolores nas horas decisivas da disputa. Apenas relembramos aqui os fatos, irretorquíveis.

Quanto à conduta tricolor no Campeonato Carioca de 1990, em busca do vice-campeonato e, por isso, a favor de quem ergueu uma caravela para comemorar o título, ganho dentro do regulamento da competição, e defendido pelo próprio clube das Laranjeiras quanto ao enredo previsto no já referido regulamento, ela fala por si.

Quanto à lembrança do quinto título invicto conquistado pelo Vasco, com o Maracanã em obras e São Januário franqueado aos grandes para tentar enfrentá-lo e vencê-lo – o que não foi possível diante da força do time vascaíno – só pode ser mesmo por inveja que tal título foi mencionado.

Quanto ao título de 1998, o curioso apagão ocorrido em Moça Bonita tinha como intenção findar o jogo – que daria ao Vasco o título, em caso de vitória mas permanecia empatado. Em meio ao breu e com a equipe banguense exigindo do árbitro o fim da partida, sem acréscimos, Eurico Miranda foi a campo e disse claramente que a iniciativa era a mando dos quadrilheiros, Flamengo, Fluminense e Botafogo, afirmando na época não saber, porém, quem era o chefe da quadrilha. A luz voltou e o acréscimo de três minutos foi dado. No segundo minuto o gol do título veio, para desespero da turma arco-íris. Ganhou o campeonato daquele ano (os dois turnos previstos) quem se disponibilizou a jogar futebol, deixando às escuras os sabotadores da competição.

Sobre o momento atual do futebol deste estado e a tentativa impopular de rubro-negros e tricolores, esvaziada pela maioria dos clubes deste estado, vale lembrar uma frase de José Carlos Vilela, nos tempos em que o Fluminense pintava e bordava na Federação.

"O pranto é livre!"

Casaca!"

Fonte: UOL Esporte