Futebol

Dono de 'preleção vibrante', Kauã Valente diz quem são suas referências

- Tio, vou te dar o exemplo do Anderson Silva. Dentro do ringue, ele quer bater e derrubar o cara. Fora do ringue, ele bate em alguém? Eu sou tipo ele. Dentro de campo, eu quero ganhar, tenho vontade de ganhar. Fora de campo, não falo palavrão como falei.

A explicação é de um menino de 10 anos. Kauã Valente tem sobrenome apropriado: na última semana, um vídeo viralizou na Internet com o garoto motivando seus companheiros – à base de muitos palavrões – antes de uma final contra o Flamengo. Deu certo: vitória por 2 a 0, com gol e assistência do pequeno lateral-esquerdo, e título da Copa Integração, o equivalente ao Campeonato Carioca da categoria sub-10.

Depois de viralizar na internet, Kauã explica "preleção vibrante" no pré mirim do Vasco

O GloboEsporte.com foi conhecer o menino em São Januário. Apesar da idade, Kauã mostrou desenvoltura surpreendente. Não se acanhou com as câmeras e deu até sugestões de filmagem (“Pode me filmar chutando para o gol?"). E não falou palavrão.

O vídeo chamou a atenção por dois aspectos: a capacidade de liderança de Kauã e, claro, os palavrões. Uma preocupação para o pai, Anísio Naegele, que não queria que o filho fosse visto de uma maneira errada.

- Quis saber dele o porquê de ele se expressar tão forte. E ele colocou: “Pai, era final, era título, não tinha como chegar para eles e pedir por favor. Tinha que mostrar para eles a importância do jogo. Eu entendi perfeitamente.

Anisio, o pai de Kauã, ficou preocupado com repercussão dos palavrões do filho (Foto: Leonardo Magliano)

Kauã sequer é capitão do time. Mas é ele quem costuma falar antes dos jogos importantes. Especialmente quando o duelo é com o Flamengo.

- Ganhar do Flamengo é sempre bom. Falei com eles (companheiros) porque queria motivá-los. Achei que eles estavam meio soltos. Tudo podia acontecer, perder ou ganhar – explicou o menino.

O garoto chegou ao Vasco há dois anos. Antes, passou por Madureira e Bangu. É morador do Méier, bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro. Em casa, só brinca na rua às segundas-feiras; fins de semana são reservados para os jogos. Nos momentos de lazer, ele não é como outros da idade: em vez de videogame, prefere soltar pipa e jogar bola.

- Mas sem me machucar, porque depois tem jogo – ressaltou.

Referências no Vasco: Paulinho, Nenê e Paulão

A desenvoltura de Kauã é surpreendente até na hora de ele explicar suas referências no futebol. Ele se inspira em Marcelo, do Real Madrid, para a posição. No Vasco gosta de Paulinho, Nenê e... Paulão.

- O Paulão tira a bola igual a um maluco, para mim ele é maluco. Joga muito bem. O Paulinho tem muita qualidade com o pé, para onde ele manda a bola, ela vai. O Nenê bate muita falta.

Kauã durante a entrevista: desenvoltura para falar (Foto: Leonardo Magliano)

Com 10 anos, Kauã ainda tem longa estrada para se tornar profissional. Por enquanto, porém, seu pai já está satisfeito com as qualidades demonstradas pelo garoto. Apesar dos palavrões.

- No dia a dia ele não é assim, não fala dessa forma, não se coloca dessa maneira. A gente cobra muito isso. No momento do jogo ele está completamente perdoado por mim e pela família, porque mostrou ser um lider nato. A gente sonha que ele seja profissional no Vasco, mas se isso não acontecer, ele vai ser um líder numa empresa, vai saber se impor, colocar sua opinião. Acho que isso é importante.

Fonte: ge