Contando com a torcida, Vasco recebe o Cruzeiro com a obrigação da vitória

O Vasco do técnico Adílson Batista, reconhecidamente, está melhorando na parte defensiva. O time tem sofrido menos gols e mostra um certo progresso em termos de marcação e posicionamento. O grande problema, no entanto, é o poder de fogo ofensivo. O time cria pouco, e as chances de marcar são pequenas. Faltando três rodadas para o final do Campeonato Brasileiro, e na zona do rebaixamento, de onde não sai nem em caso de vitória, a equipe enfrenta o Cruzeiro, neste sábado, às 19h30m, no Maracanã, sem alternativa, a não ser vencer. Os três pontos são fundamentais para o time respirar, ganhar fôlego, e dar a arrancada decisiva para escapar da degola nas duas rodadas finais, contra o Náutico, no próximo fim de semana, no Maracanã, e o Atlético-PR, no Paraná.

Adílson Batista procura manter a calma na difícil situação em que o clube se encontra. Afinal, é um especialista em enfrentar esse tipo de problema. Foi assim na direção do Grêmio, em 2003, no Paysandu, em 2004, e no Figueirense, em 2005. Nas três ocasiões, salvou os times da degola e espera repetir a dose em 2013.

Nas conversas que costuma ter com os jogadores, Adílson sempre procura passar uma mensagem de otimismo, persistência e confiança no trabalho. Mas deixa claro que o resto depende dos jogadores.

— A motivação é toda deles. É preciso acreditar — disse o técnico.

Na sua análise, o time do Vasco começa a ter um equilíbrio defensivo, mas ainda peca na parte ofensiva. É esse equilíbrio que ele está buscando e que espera ver à noite, no Maracanã. — Temos que arriscar. Precisamos dos três pontos e vamos atrás. Mas isto deve ser feito de maneira organizada, com consciência e sacrifício de todos pela equipe — frisa.

Durante a semana, o técnico treinou uma formação com a dupla de ataque Thalles e Edmílson, contando com o apoio de Marlone e Pedro Ken no meio. Os dois apoiadores terão papel fundamental, pois precisam marcar, construir as jogadas e se juntar ao ataque para o time apresentar uma força ofensiva maior.

A força da torcida

O presidente Roberto Dinamite acompanha atentamente cada capítulo da preparação do time. Um dos principais ídolos do clube como jogador, Roberto conhece como poucos a força da torcida. E fez um apelo para que a massa vascaína dê mais uma demonstração de apoio ao time.

— Ela (a torcida) é o nosso grande diferencial. Seu apoio do início ao fim é fundamental para a vitória. Nosso time tem a obrigação de fazer sua parte e vencer, mas o carinho do torcedor passa uma força grande, que contagia. É a força do Vasco — disse Roberto Dinamite.

Adílson, que já conhecia o torcedor vascaíno dos tempos em que enfrentou a equipe de São Januário, ficou mais impressionado após o jogo contra o Santos. Graças ao incentivo dos torcedores, o time conseguiu reagir após estar perdendo por 2 a 0 e empatou em 2 a 2 com a equipe paulista, em um jogo no qual o goleiro Aranha foi o grande destaque do adversário.

Segundo Adílson, é a soma de esforços dos jogadores e da torcida que vai ajudar o Vasco a permanecer na Série A do Brasileiro em 2014.

— É uma corrente positiva impressionante. A soma do time e da torcida explica um pouco a força e a grandeza do Vasco. Juntos, os dois podem superar qualquer obstáculo. Precisamos vencer, e que todos ajudem, somando forças — pediu.

No último treino antes de enfrentar o Cruzeiro, Adílson distribuiu o time titular em campo sem adversários. Seu objetivo foi ajustar as linhas para formar uma equipe compacta e ensaiar saídas de bola. Ele também acompanhou a movimentação dos apoiadores Marlone e Pedro Ken, que ganharam liberdade para chegar constantemente ao ataque. Thalles e Edmílson foram exigidos na movimentação, abrindo espaços pelos lados e fechando na área. Sem adversários no campo, funcionou. Resta saber se também vai funcionar contra um time bem armado, como o Cruzeiro, que sabe explorar a saída em velocidade.

O mais importante, para Adílson, foi sentir que o time está consciente do que pode produzir. Capaz de saber que só com muito equilíbrio e sem abrir mão do ataque é que vai ter a possibilidade de chegar aos gols e à vitória fundamental.

A consciência geral é que a dificuldade é grande, mas que o Vasco ainda depende de suas próprias forças e vai fazer de tudo para se mostrar vivo e na luta.

Mas as coincidências parecem atrapalhar. Nesta sexta-feira à tarde, um caminhão perdeu a direção e atingiu um dos muros de São Januário, na Rua General Almério de Moura, na altura do Parque Aquático. O muro é o mesmo onde, em 2011, vários torcedores deixaram as marcas de suas mãos, em uma campanha contra a discriminação racial. A reconstrução do muro começa neste sábado, e, no atual momento, serve como uma referência para o Vasco.

Outro episódio simbólico, sexta-feira, foi a gravação, em São Januário, de cenas do filme “A esperança é a última que morre”, de Calvito Leal, com a atriz Dani Calabresa. No momento em que o Vasco precisa de forças para reagir, o melhor roteiro vem da história do clube, que sempre se destacou por vencer os obstáculos mais difíceis. O time entra em campo com dedicação e vontade para passar pelo Cruzeiro. A torcida, com seu carinho. É quando o gigante cresce e aparece.

Vasco x Cruzeiro

Vasco: Alessandro, Fágner, Luan, Cris e Yotún; Abuda, Guiñazu, Pedro Ken e Marlone; Thalles e Edmílson

Cruzeiro: Rafael, Ceará, Léo, Paulão e Egídio; Lucas Silva, Nílton, Éverton Ribeiro e Ricardo Goulart e Willian; Vinícius Araújo

Juiz: Marcos Gomes (ES)
Local: Maracanã
Horário: 19h30m
Transmissão: Premiere, Rádio Globo AM/FM, CBN

Fonte: O Globo Online