Torcida

Confusão em Joinville começou antes do jogo, segundo comerciantes

Após o confronto entre torcedores do Vasco e do Atlético - PR, no último domingo (10), comerciantes estabelecidos em frente à Arena Joinville, no Norte catarinense, começaram a pensar em alternativas para evitar preocupações em dias de jogos. Segundo os donos de estabelecimentos, as confusões começaram antes do jogo e se estenderam até o fim da partida. Nesta terça-feira (10), quem trabalhou próximo ao local ainda relembrou um pouco assustado o que aconteceu.

Segundo a balconista Tatiane Brizola, desde as últimas horas da manhã já se notava um clima de tensão. “Quando cheguei, às 11h, logo em seguida o pessoal do Atlético-PR começou a chegar e eles pareciam bem encrenqueiros”, comenta a balconista Tatiane Brizola. “As pessoas ficam com medo. De manhã um cliente nosso veio comprar pão, estava na fila, e um torcedor do Vasco ameaçou ele. Perguntou porque que ele estava de cara feia e que se não arrumasse ele iria arrumar pra ele”, contou o dono do estabelecimento Luiz Antônio Budnhak.

Paola Dutra, outra balconista que trabalha na mesma padaria, afirma que pouco antes do jogo as torcidas adversárias já entraram em conflito na rua. A Polícia Militar interferiu e a situação foi normalizada. “Depois, os policiais entraram aqui e nós encontramos uma pedra dentro do banheiro. Antes, outro torcedor queria levar uma barra de ferro que a gente usa para fechar a porta, mas nós impedimos”, relembra.

“A bagunça começou de manhã e na hora do jogo eu e meu marido saímos de casa com medo de bala perdida”, conta Oldina da Rocha. Ela também viu a briga na rua e só voltou para casa depois que o jogo terminou. Ela mora no local há 25 anos. Viu a Arena Joinville ser construída e afirma que, apesar de acontecerem conflitos, a proporção deste domingo não é comum. “às vezes eu vou sozinha e teve um dia que eu olhei e pensei ‘tô no meio da torcida organizada’, aí eu saí e fui mais pro cantinho”, relembra.

O dono da Padaria que fica em frente ao estádio não saiu do estabelecimento, mas fechou as portas e decidiu permanecer ali para cuidar do local. Foi embora depois das 21h, cerca de uma hora após Paola também conseguir sair. “Tivemos problemas desde a manhã. Tem muita gente que pega as coisas e leva sem pagar. Pegamos um cara com quatro energéticos embaixo da camisa. Perdemos duas fornadas de pão porque fechamos antes e a estufa de lanches. Temos movimento nesses dias, mas o prejuízo é maior desse jeito”.

Assim que as primeiras notícias passaram a veicular na televisão, o comerciante pediu para os clientes saírem e fechou as portas. A iluminação foi desligada e os funcionários ficaram abrigados em um local mais reservado. Segundo o proprietário e as funcionárias da padaria, esta não é a primeira vez que acontece um conflito como este. “Só tivemos problemas quando era time de fora que jogava, quando o JEC joga é mais tranquilo”, comenta Tatiana.

Budnhak lembra que em outra partida em que o Atlético-PR foi mandante de campo, o estabelecimento teve que ser fechado às pressas. Torcedores passaram a jogar latinhas e objetos contra a porta de vidro da padaria. Enquanto lutava com torcedores para fechar a porta, a proprietária trancou o dedo e machucou. “Se continuar desse jeito, não vamos mais atender em jogos do Atlético-PR”, analisa o outro dono.

Yasmim Eliza Fagundes diz que a maioria dos comerciantes da região optou em ficar de portas fechadas. A área é de poucos comércios e o bar da família da jovem foi um dos poucos que ficaram de portas abertas. Segundo ela, algumas pessoas entraram no local após o início do confronto para se refugiar. “Foi um corre-corre anormal. Algumas pessoas pararam aqui. Nós vamos repensar a segurança em dias de jogo, independente do time”, reflete.

Fonte: G1